A SEMELHANÇA ENTRE UM TUCANO E UM JEGUE

     
    Um turista alemão ficou encantado com o tucano que conheceu pela internet. Ele comprou imediatamente uma passagem aérea para a Amazônia, após pesquisar e saber que o pássaro vivia nessa região do Brasil. O homem impôs a si esse objetivo, como o mais importante de sua vida, tamanho era seu desejo em adquirir aquele espécime.



     Do aeroporto em que desembarcou após dezenas de horas de voo, tomou um carro e depois um barco, e chegou a um povoado isolado já dentro da floresta. Ali fez contato com guias de turismo ecológico, foi se enturmando e passou a perguntar pelo alvo do seu desejo. Mas devido à dificuldade da língua e sotaque muito carregado, ele não acertava pronunciar "tucano". Depois de horas de exaustivas tentativas, alguém sugeriu que o alemão descrevesse o animal, visto que os gestos são universais.

     O turista esforçava-se para demonstrar a principal característica do procurado, que o tal animal tinha um bico grande. Assim, ele colocava uma das mãos na boca e a afastava para a frente, repetidamente. E, de repente, alguém conseguiu decifrar e disse: "bico grande!" O alemão ficou em êxtase. Havia conseguido. Mas para o seu desespero, os nativos disseram que ele deveria seguir mais alguns quilômetros até chegar a um outro povoado onde, certamente, encontraria o bicho de bico grande.

     Em sua ansiedade, o pobre homem não caminhou. Correu. Chegou a uma espécie de bar, onde vários homens faziam uso de bebidas alcoólicas. Teve ainda mais dificuldade de se comunicar. Ele repetia impacientemente: "Mim procurar animal dê bica grande..." Já estava desanimado com a imensa dificuldade de ser entendido, quando um homem bêbado gritou: "Eu sei! Eu tenho um animal desses!" Os olhos do turista brilharam numa radiação de alegria. Ele disse que pagaria bem para que o bêbado lhe trouxesse o "animal de bica grande". Após um breve acordo, o alemão aceitou dar um adiantamento de 100 reais, ficando acertado que à entrega do bicho, o nativo bêbado receberia mais 400.



     O estrangeiro ficou ali, ansioso, andando de um lado para o outro, à espera do tucano. Enquanto isso, ele antegozava o momento em que chegaria na sua terra natal com aquela ave tão especial. Faria muito sucesso com os amigos, com os familiares e, inclusive, com as mulheres, que ao conhecê-lo perguntariam, insinuantemente, se o tucano teria telefone... Assim ele projetava suas manhãs caminhando com o seu animal de estimação, chamando a atenção de todos. Ele seria o alvo das atenções em sua comunidade. Finalmente o seu dia de sorte havia chegado. Estava muito feliz.


     Após algum tempo, o bêbado apareceu, cambaleante, puxando o animal por uma corda e fazendo uma espécie de repetições de muxoxos e beijos sonoros, para fazer o bicho andar até o seu novo dono. O turista partiu em desembestada carreira ao seu encontro. Estatelou-se!




     Pela dificuldade de comunicação com a barreira linguística, pelo seu etílico estado de embriaguez, o bêbado identificou o animal procurado pelo alemão, através de sua prejudicada interpretação das dicas descritivas do turista, que dizia: "Animal dê bica grande", e ainda mais porque o bêbado encontrou o bicho acometido do constrangimento peculiar dos machos, de não conseguir esconder a excitaçãoo sexual.

     O bêbado apresentou um jegue.

     Desolado, o alemão retrucou: "Mas este bicho non tem pena!"

     E o bêbado, convicto de seu sucesso, completou: "Nem, da, mãe, dele...!"

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Luis Borsan.

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